Currículo de promotora do caso Marielle impresso por ‘Abin paralela’ foi recuperado pela CGU
Um documento que revela o currículo de uma promotora do caso Marielle Franco, assassinada em 2018, foi impresso por uma suposta “Abin paralela” que atuava a favor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). O papel foi recuperado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em uma operação que investiga o vazamento de dados sigilosos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
O currículo pertence à promotora Simone Sibilio, que coordenou as investigações sobre o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. O documento contém informações pessoais e profissionais da promotora, como endereço, telefone, e-mail, formação acadêmica e atuação no MP-RJ.
Segundo a revista Veja, que teve acesso ao papel, o currículo foi impresso em uma gráfica no centro do Rio de Janeiro, em novembro de 2019, por um homem identificado como Marcelo Guerra. Ele seria um dos integrantes da “Abin paralela”, um grupo de agentes de inteligência que teria sido contratado por Flávio Bolsonaro para obter informações sobre as investigações do caso Marielle e da “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A CGU encontrou o currículo em um envelope lacrado dentro de uma pasta com outros documentos relacionados ao MP-RJ. A pasta estava em um armário no escritório de Guerra, que foi alvo de busca e apreensão em junho deste ano. A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar a existência da “Abin paralela”.
A PGR acusa Guerra e outros três agentes de inteligência de violação de sigilo funcional, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles teriam recebido cerca de R$ 600 mil para acessar ilegalmente dados do MP-RJ e repassá-los a Flávio Bolsonaro e a seus advogados.
O senador nega qualquer envolvimento com a “Abin paralela” e diz que é vítima de uma perseguição política. Ele também afirma que não tem relação com o assassinato de Marielle Franco, que era uma das principais opositoras de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O caso Marielle segue sem solução há quase quatro anos. Os acusados de executar a vereadora e o motorista são os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que estão presos desde março de 2019. No entanto, ainda não se sabe quem mandou matar Marielle e qual foi a motivação do cr1me.