Shein vai produzir produtos “made in Brazil” no sertão nordestino

A gigante de e-commerce de origem chinesa Shein resolveu se contrapor no Brasil às acusações de evasão fiscal e de contrabando digital e amenizar a pressão de concorrentes por uma regulamentação do governo federal.

Para isso, a assessoria de imprensa da empresa anunciou que vai investir na produção dentro do Brasil.

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Além da já anunciada fábrica no Rio Grande do Norte, a empresa anunciou outras 151 fábricas cadastradas no Mato Grosso, no Paraná e em São Paulo.

Programa Pró-Sertão
A Shein está baseada numa rede de oficinas de costura de micro e pequeno porte, espalhadas por municípios do sertão do Seridó, região historicamente castigada pela seca no Rio Grande do Norte.

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O governo do estado criou, em 2013, o Pró-Sertão, um programa de “interiorização” da atividade têxtil para gerar emprego e renda.

Foram capacitados 2 mil profissionais da costura em 40 municípios, por meio de uma parceria do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) com o Instituto Federal, responsável pela oferta de cursos técnicos. Há quatro anos, o setor também conta com incentivos tributários, como a redução do ICMS.

Nomes de peso da moda nacional, como a Riachuelo e a Hering, já terceirizaram parte considerável de sua produção para essas oficinas, também chamadas de “facções”, com o objetivo de cortar custos em fábricas próprias.

Mais de cem oficinas
Segundo Jaime Calado, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do RN, atualmente já há mais de cem oficinas aptas a produzir roupas para grandes marcas e varejistas. O plano é crescer.

“Dos 2 mil contratos que a Shein vai fazer no Brasil, a gente quer no mínimo 200 aqui no estado. Isso vai representar mais empregos”, afirma o secretário em entrevista exclusiva para a coluna de Carlos Juliano Barros no UOL.

O Pró-Sertão, no entanto, teve diversas denúncias de más condições de trabalho nas oficinas do Seridó. Entre as reclamações mais comuns estavam empregos sem carteira assinada, pagamentos abaixo do salário mínimo e jornadas excessivas para cumprir metas.

O selo Abvtex
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do RN, Jaime Calado, afirma que o estado hoje vive um novo momento. “Hoje as oficinas têm o selo Abvtex, o que garante a qualidade para fornecer para os grandes magazines. Isso inclui a fiscalização das condições trabalhistas”, completa.

O Abvtex é o programa de certificação da Associação Brasileira do Varejo Têxtil. Segundo Edmundo Lima, diretor-executivo da entidade, “a Abvtex e alguns varejistas associados realizaram um forte trabalho para promoção de melhores condições de trabalho nas oficinas locais e formalização das empresas”.

A associação afirma que as 133 oficinas certificadas pelo selo geram cerca 19 mil postos de trabalho. O programa conta com promoção de saúde e segurança e combate à violência contra mulheres.

“Precisamos acompanhar a estratégia das plataformas internacionais na cadeia produtiva brasileira para que não haja retrocesso em tudo que estamos construindo e transformando”, afirma Lima sobre a intenção da Shein de levar a produção de suas roupas para o interior do Rio Grande do Norte.

Nota da Shein
A assessoria de imprensa da empresa afirma que “a Shein tem o compromisso de gerenciar sua cadeia de suprimentos de forma responsável”.

De acordo com o documento, todos os fornecedores devem obedecer a um código de conduta baseado nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na legislação local, sob pena de rescisão de contrato, quando necessário.

“No Brasil, gostaríamos de ressaltar que todos os fornecedores com os quais a Shein trabalha para produzir roupas localmente são empresas que operam sob mecanismos de governança reconhecidos, como os utilizados pela Abvtex”, encerra o texto.

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