Seca gera perdas de mandioca, murcha laranjas e reduz oferta

Perdas em plantações de mandioca, pressão sobre cotações de milho, laranjas murchas e com oferta reduzida. Situações como essas exemplificam os impactos que começam a aparecer no campo em razão da forte seca no Brasil.

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Analistas temem que os reflexos da crise sentidos nos elos iniciais das cadeias produtivas alcancem os preços finais de alimentos ao longo dos próximos meses.

No caso da mandioca, a baixa umidade do solo, associada a temperaturas elevadas, preocupa produtores devido a perdas de algumas áreas já cultivadas e que ainda devem ser replantadas, indicou nesta segunda-feira (16) o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Conforme a instituição, a expectativa é de que chuvas previstas para este mês amenizem o quadro, mas, por enquanto, o ritmo de colheita segue bastante reduzido, com atividades interrompidas em algumas regiões pesquisadas.

Nesta segunda, o Cepea também disse que as cotações do milho estão em alta há quatro semanas. Agentes seguem atentos ao clima seco e à demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto no externo.
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Na região de Campinas (SP), base do indicador divulgado pela instituição, a saca de 60 quilos de milho fechou a última quinta (12) em R$ 63,50. Foi o maior patamar nominal (sem o ajuste pela inflação) desde janeiro.

Conforme o Cepea, produtores esperam novas valorizações com os eventuais impactos do clima sobre as lavouras de verão e os possíveis atrasos da semeadura da segunda safra 2024/2025.
No caso da laranja, o valor médio da fruta na árvore chegou a R$ 113,89 por caixa de 40,8 quilos na parcial da semana passada, de acordo com informações divulgadas na sexta (13) pela instituição.

Isso representa uma alta de 4,3% na comparação com o período anterior. O calor no estado de São Paulo, que teria impulsionado a demanda pelo item, e a projeção de safra ainda menor do que a prevista anteriormente estariam por trás do movimento.

 

“De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, a oferta está bastante limitada, e a falta de chuvas tem deixado as frutas murchas, reduzindo ainda mais a quantidade de lotes de qualidade”, disse a instituição.

Na terça (10), o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) passou a projetar a safra de laranjas de 2024/2025 em 215,78 milhões de caixas de 40,8 quilos para o chamado cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais.

O dado indica uma diminuição de 16,6 milhões de caixas (7% a menos) na comparação com estimativa de maio.

 

Como a Folha de S.Paulo mostrou no final de semana, perdas bilionárias na produção agropecuária podem ser só o início das consequências econômicas da seca e do avanço das queimadas no Brasil.

A intensificação da crise climática nas últimas semanas pressiona serviços básicos, como fornecimento de energia e água, e reforça alertas para os possíveis impactos dos eventos extremos no longo prazo, segundo especialistas.

Para concluir a safra de grãos de 2024, falta basicamente ao Brasil colher culturas de inverno, como trigo, aveia e cevada, apontou na semana passada o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

O órgão prevê queda de 6% para a produção deste ano. O cenário é associado em grande parte a problemas climáticos como a falta de chuva em meses anteriores da temporada e as enchentes no Rio Grande do Sul.