Presidente do Senegal toma posse acompanhado de duas primeiras-damas

Bassirou Diomaye Faye, o atual presidente do Senegal, assumiu o cargo na terça-feira, 2, ao lado de suas duas esposas, Marie Khone e Absa Faye. Marie é sua companheira há 15 anos e mãe de seus quatro filhos, enquanto Absa se juntou à família há aproximadamente um ano.

No Senegal, onde 95% da população pratica o islamismo, a poligamia é permitida pelo Alcorão, desde que o homem tenha recursos financeiros para sustentar todas as esposas.

Na cerimônia de posse, Faye, acompanhado por suas esposas, foi ovacionado pelos presentes. Segundo Penda Mbow, ex-ministro da Cultura e professor de história, em entrevista ao The Malta Times, a presença de duas primeiras-damas exigirá uma revisão completa do protocolo presidencial. No entanto, isso não parece ser um obstáculo para Faye, que durante a campanha presidencial expressou sua gratidão pelo apoio de suas “maravilhosas” esposas.

No Senegal, muitos casamentos não são oficialmente registrados, o que dificulta a obtenção de dados precisos sobre os padrões de relacionamento. De acordo com um relatório de 2013 da Agência Nacional de Estatísticas e Demografia, estima-se que mais de 32% dos casamentos no país sejam poligâmicos.

A socióloga senegalesa e feminista Fatou Sow, que leciona em várias universidades europeias, incluindo o Centro de Estudos Africanos em Madrid e o Instituto de Pós-Graduação em Estudos Internacionais e de Desenvolvimento (IHEID) em Genebra, foi contatada por uma jornalista via X, a antiga plataforma do Twitter, para discutir a poligamia no Senegal.

Em resposta ao pedido, que ocorreu pela própria rede social, ela ponderou que “a poligamia, a monogamia, a poliandria [mulheres que são casadas com múltiplos homens] são modelos conjugais determinados pela história e cultura de cada povo” e que esses “modelos enfrentam hoje a concorrência dos casamentos homos𝕤𝕖𝕩𝕦𝕒𝕚𝕤” — por lá, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo cabe punição de até cinco anos de prisão. Criticada por usuários devido à comparação, rebateu que o seu “pensamento mais profundo é que o Ocidente não tem legitimidade para julgar” a cultura local.