Pimenta: diversidade e usos

As pimentas tem uma variedade de cores, sabores, tamanhos e formatos que valorizam a culinária. A Embrapa trabalha com o resgate de variedades crioulas. O BAG conta com 370 amostras.

Projeto de pesquisa resgata variedades crioulas, promove a conservação e o uso da agrobiodiversidade, com agregação de renda aos produtos da agricultura familiar.

As pimentas fazem parte da história e da cultura de nosso país, são patrimônio da agrobiodiversidade brasileira. Elas podem ser cultivadas em todo o território nacional. É possível encontrá-las em diversos formatos, cores, tamanhos, e também sabores, incluindo a sua ardência ou pugência.

A Embrapa contribui para o desenvolvimento de tecnologias para produção de pimentas no país. A instituição de pesquisa vem ao longo dos anos  resgatando variedades crioulas de pimentas, estudando suas características e avaliando sua aptidão  para consumo in natura e processamento.  A pesquisadora Rosa Lia Barbieri é uma das responsáveis pelo trabalho, uma entusiasta na recuperação de variedades crioulas de pimentas. “Nos preocupamos com variedades crioulas de pimentas, que foram selecionadas pelos próprios agricultores e intercambiadas entre eles “, explica.

Para isso, a Embrapa Clima Temperado tem uma forma de auxiliar na conservação deste material: há alguns anos criou um Banco Ativo de Germoplasma de pimenta, que é  uma alternativa para a conservação dos recursos genéticos. Ali, estão reunidas em uma coleção 370 acessos ou amostras de variedades crioulas.

Entre tantas pimentas, algumas mais conhecidas  são a pimenta malagueta, a dedo-de-moça, a de cheiro, a biquinho, e algumas pimentas doces como a pimenta Cambuci ou pimenta chapéu de padre. Além dessas, fazem parte da coleção várias pimentas ornamentais.

O agronegócio das pimentas é bastante relevante e envolve diferentes segmentos, desde as pequenas agroindústrias artesanais até a exportação de páprica por empresas multinacionais que competem no mercado de especiarias e temperos.

A Unidade de pesquisas tem dado apoio aos produtores da região, que cultivam pimenta como fonte de diversificação produtiva na propriedade, especialmente aos  agricultores familiares, que se beneficiam das possibilidades de agregação de renda. A pesquisa tem beneficiado especialmente agricultores do município de Turuçu, um dos maiores produtores de pimenta no Rio Grande do Sul.  “Eu tenho em torno de três mil plantas sortidas de pimenta e 30 variedades”, falou a agricultora e  proprietária da agroindústria familiar Sabor da Colônia,  a Dona Verônica. Ela conta que os seus produtos são destinados para cooperativas, Mercado Público em Pelotas e para outros locais do Estado.

O RS é o quinto maior produtor nacional da cultura da pimenta. Em quarto lugar, encontra-se o Estado  do Ceará, depois o terceiro lugar é ocupado pelo Estado de Goiás e chega-se ao segundo produtor nacional com o Estado de São Paulo. O maior produtor brasileiro fica com o Estado de Minas Gerais, com cerca de 2 mil ton/fruto.

Pimenta, da culinária à indústria

Nos últimos anos, as pimentas têm ganho um espaço cada vez maior na mídia por sua versatilidade culinária e industrial e também por suas propriedades medicinais e de manutenção da saúde. O mesmo princípio que causa a ardência das pimentas – a capsaicina – também é usada para aliviar dores musculares, dores de cabeça e artrite reumatóide. Também fazem parte da composição de emplastros – os famosos adesivos que aliviam as dores musculares. Estudos indicam que as pimentas atuam na prevenção de doenças cardíacas.

A pimenta é classificada como alimento funcional, pois além de possuir vários nutrientes, é rica em carboidratos e fibras alimentares, que ajudam a diminuir as taxas de gordura. A pimenta é rica em vitaminas A, E e C, ácido fólico, zinco e potássio. Tem propriedades antioxidantes e bioflavonoides, pigmentos vegetais que previnem o câncer.

Dia de Campo busca fortalecimento de parcerias e possibilidades de uso

Pensando nos benefícios e no modo de uso da pimenta, a pesquisadora  Rosa Lía Barbieri e a professora do Instituto Federal Sul Riograndense (IFSul), Juliana Villela organizaram na última terça-feira (7), o Dia de Campo da Pimenta, nas dependências da Embrapa Clima Temperado. A atividade aproveitou para fortalecer a parceria entre o IFSul e a Unidade de pesquisas. O Dia de Campo foi dividido em dois momentos: apresentações sobre a diversidade das pimentas e as possibilidades de uso e sobre as análises de produtos à base de pimentas e sua rotulagem, no auditório; e uma visita a campo para conhecimento da diversidade genética.  Participaram representantes da Emater/RS, Prefeitura de Turuçu e da Cooperativa de Turuçu (Cooperturuçu), reunindo cerca de 100 pessoas entre colaboradores, alunos, agricultores e técnicos.

Na primeira parte do evento, a pesquisadora Rosa Lía, apresentou as espécies de pimentas mais cultivadas: Capsicum annuum, Capsicum baccatum, Capsicum frutescens, Capsicum c chinensis e Capsicum pubescens. Formas de uso no passado e no presente, sua importância para culinária, indústria e a floricultura.

Os visitantes também puderam esclarecer suas dúvidas referentes ao processo de rotulagem de produtos, com a pesquisadora Ana Cristina Krolow, que explicitou as informações nutricionais, que devem constar nos rótulos conforme a lei.

Após as palestras, os convidados apreciaram as variedades de pimentas no coffee break, como as geleias produzidas pela Dona Verônica,  e também os molhos picantes da professora Juliana Villela. No campo, foi possível provar diferentes tipos de pimentas, da mais picante até a mais adocicada.

Cristiane Betemps com colaboração de Letícia Eloi Pinto (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado

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