Passagens aéreas entre as vilãs da inflação em julho

A inflação em julho trouxe uma mudança significativa no grupo de itens que mais pesam no bolso dos brasileiros. Enquanto anteriormente a alimentação era a principal preocupação, agora o setor de transportes assume essa liderança, especialmente devido ao aumento expressivo nas passagens aéreas.

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 25 de julho de 2024, revelam a magnitude dessa mudança. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que serve como uma prévia da inflação, mostrou uma subida de 0,30% em julho. Em junho, o aumento havia sido de 0,39%.

Inflação em Julho é Impactada pelo Setor de Transportes
Nessa nova configuração, o grupo “Transportes” se destacou com a maior variação e impacto no IPCA-15. Com um aumento de 1,12%, esse setor contribuiu com 0,23 ponto percentual (p.p.) no índice de julho. Dentro desse grupo, as passagens aéreas foram as grandes vilãs, subindo 19,21% e adicionando 0,12 p.p. ao indicador.

Além das passagens aéreas, outros itens no segmento de transportes também sofreram elevações. Os preços dos combustíveis, por exemplo, registraram um aumento de 1,39%, com a gasolina subindo 1,43%, o etanol 1,78% e o óleo diesel 0,09%. O gás veicular, por outro lado, apresentou uma leve queda de 0,25%.

Por Que o Sector de Transportes Subiu Tanto?
A alta nos preços das passagens aéreas pode ser atribuída a diversos fatores, como a demanda reprimida por viagens, o aumento dos custos operacionais das companhias aéreas e a alta do dólar, que impacta diretamente os preços dos combustíveis e a manutenção das aeronaves.

Outro fator importante é a inflação global, que também afeta os insumos usados pelo setor de transportes. Com os preços internacionais subindo, é natural que isso se reflita no cenário doméstico, pressionando os custos e, consequentemente, os preços ao consumidor final.

Quais os Outros Grupos que Impactaram a Inflação?
Embora o setor de transportes tenha sido o principal responsável pela alta da inflação em julho, outros grupos também tiveram influência significativa. O grupo “Habitação” registrou um aumento de 0,49%, contribuindo com 0,07 p.p. no IPCA-15, principalmente devido ao aumento da energia elétrica.

Além disso, o grupo “Saúde e cuidados pessoais” também teve uma variação significativa de 0,33%, adicionando mais 0,05 p.p. ao índice geral. Esses aumentos refletem a pressão constante que custos essenciais exercem sobre o orçamento familiar.

Como a Alimentação Contribuiu para Reduzir a Inflação?
Se por um lado os setores de transportes e habitação impulsionaram a inflação, por outro, a alimentação ajudou a conter o índice geral. O segmento de “Alimentação e bebidas” registrou uma queda de 0,44% em julho, com a alimentação no domicílio recuando 0,70%.

Itens como cenoura (-21,60%), tomate (-17,94%), cebola (-7,89%) e frutas (-2,88%) foram os principais responsáveis por essa diminuição. No entanto, alguns produtos ainda mostraram alta, como o leite longa vida, que subiu 2,58%, e o café moído, com uma elevação de 2,54%.

Quais são as Perspectivas para os Próximos Meses?
Com a mudança no quadro inflacionário, a expectativa é que o setor de transportes continue sendo um fator importante no cálculo do IPCA nos próximos meses. A volatilidade dos preços dos combustíveis e a demanda por viagens podem manter esse grupo em destaque.

Por outro lado, a queda nos preços dos alimentos pode ser um alívio temporário. A continuidade dessa tendência dependerá de fatores climáticos e safras agrícolas, que podem influenciar a oferta e os preços desses produtos.

Em resumo, os consumidores devem ficar atentos às movimentações desses grupos para melhor gerenciar seu orçamento familiar e entender as flutuações dos preços no mercado.