Nada de sombra e água fresca: saiba como cuidar de cactos da forma correta!
Plantas têm baixa manutenção, mas dependem da quantidade certa de luz e água
Mandacaru, rabo-de-macaco, orelha-de-coelho, dedo-de-dama, almofada de alfinetes… Todas essas plantas são conhecidas como cactos, pertencentes à família Cactaceae, que inclui mais de 2 mil espécies descritas – duzentas só no Brasil.
Com uma enorme variedade de formatos e tamanhos, esse tipo de suculenta é facilmente reconhecida pela auréola, estrutura botânica que dá origem a espinhos, ramificações e flores.
“São plantas semiáridas, que acumulam dentro de si um grande volume de água, o que permitiu sua adaptação a desertos. Em nosso cerrado e sertão brasileiro, encontramos muitos cactos”, afirma a paisagista Clariça Lima. A maioria dos cactos aprecia clima quente, sol pleno e pouca umidade, salvo algumas exceções adaptadas à meia-sombra.
Como cultivar cactos
O cacto castelo de fada (Acanthocereus tetragonus) é muito cultivado em ambientes internos — Foto: GettyImages
Nativos de clima quente, a maioria dos cactos aprecia altas temperaturas e iluminação direta abundante, cerca de 5 a 6 horas diárias. A ausência de sol pode impedir a floração, além de influenciar na coloração dos cactos. Caso opte por cultivá-los dentro de casa, dê preferência a ambientes bem iluminados, próximos a janelas.
Como os cactos não possuem raízes muito profundas, podem ser tranquilamente plantados em vasos. “Ele vai bem em qualquer solo, mas é importante usar terra pelo menos nos últimos 5 ou 10 cm do berço, para que ele cresça saudável, sem proliferação de fungos. Apesar de ser uma planta resistente, precisamos lembrar que ele não está em seu habitat natural, então, é importante ter este cuidado mínimo”, afirma Clariça.
O excesso de água pode levar ao apodrecimento do cacto. A rega adequada gira em torno de uma vez por semana durante o verão ou a cada duas semanas durante o inverno. Contudo, o ideal é acompanhá-lo de perto para verificar eventuais sinais de excesso de umidade, como ramificações murchas ou partes amareladas. Já a adubação pode ser feita com produto próprio para suculentas na primavera e no verão, a fim de estimular a floração.
O cacto deve ser podado apenas em duas circunstâncias: para remover os ramos secos, que impedem o crescimento de novos brotos, ou para controle da altura. Neste segundo caso, é importante um olhar profissional para uma poda proporcional ao desenho, evitando que a espécie dobre ou quebre. “Em todo caso, sempre que for manejar o cacto, é importante usar luvas. Mesmo as espécies sem espinhos podem causar coceiras ou pinicar”, ressalta a paisagista.
Como replantar cacto em vaso
O cacto amendoim pode ser cultivado como miniatura ou replantado em um vaso maior — Foto: Flickr / Mark Scholl / Creative Commons
No geral, os cactos são adquiridos em vasos pequenos e podem ser mantidos neste recipiente caso queira uma miniatura. Contudo, se você deseja que ele cresça, será necessário replantá-lo em um recipiente maior. “Verifique se o vaso tem um tamanho apropriado a sua extensão, porque o cacto crescerá mais lentamente que o normal caso a vasilha esteja pequena”, aconselha o paisagista Luciano Zanardo.
Em um vaso com furos, coloque um substrato indicado para cactos ou suculentas, cascas de pinus ou areia (para ficar argiloso) e adubo em 1/3 do recipiente. Coloque a espécie de cacto com cuidado na terra e aperte o substrato, apenas o suficiente para ele ficar em pé. Coloque o restante de terra e de areia até chegar próximo à borda do vaso.
Após o transplante, Luciano recomenda manter a planta neste novo vaso por cerca de três meses. O replantio poderá ser feito caso o desenvolvimento esteja lento. “Isso significa que as raízes não têm espaço para se desenvolverem ou que o substrato está esgotado e deve ser reposto”, afirma.
Caso opte por cultivar o cacto por sementes, saiba que o plantio demorará a apresentar resultados, porque sua germinação é lenta.
Cacto de sombra
A espécie Disocactus ackermannii pode ser encontrada em florestas tropicais, à sombra das árvores — Foto: Flickr / jacinta lluch valero / CreativeCommons
Em sua maioria, os cactos estão adaptados a sol pleno. Dito isso, existem algumas espécies que demandam menos horas de exposição à luz solar, classificadas como de meia-sombra. O botânico David Benzing aponta que 10% das cactáceas da região neotropical, que engloba da América Central a Sul, são epífitas – vivem atreladas aos troncos das árvores e, consequentemente, sob a sombra de suas copas.
É o caso do Disocactus ackermannii, um cacto com flores vermelhas e vistosas, e do cacto-orquídea. Em espaços internos, os cactos adaptados à meia-sombra podem ser posicionados em locais que recebam luz indireta.
Floração
As flores do mandacaru desabrocham durante a noite e duram até o amanhecer do próximo dia — Foto: Infoescola / Reprodução
Um assunto que gera muita curiosidade com relação aos cactos são as flores. Elas costumam aparecer durante a primavera e o verão, após 2 anos de cultivo. Para que a floração aconteça, é necessário seguir à risca as condições ideais de plantio, incluindo iluminação, drenagem do solo, regas e adubação.
Entre as espécies famosas por suas flores está o mandacaru (Cereus jamacaru). “Sua floração ocorre durante a primavera, mas as flores desabrocham durante a noite e duram apenas até o amanhecer do próximo dia”, conta a paisagista Clariça. Os cactos lideram a lista de espécies que florescem durante a noite, tornando-os ainda mais fascinantes.
O cacto amendoim floresce quando está bem desenvolvido, desde que receba muita luz natural direta — Foto: Sadambio / Wikimedia Commons
A Echinopsis tubiflora possui pequenas inflorescências com pétalas afiadas, que podem ser brancas ou rosas. Já o cacto amendoim (Echinopsis chamaecereus) possui flores vermelhas, que medem cerca de 7 cm. A rabo-de-rato (Disocactus flagelliformis) possui flores mais duráveis, em forma de funil, vermelhas ou rosas.
Rabo-de-rato é um cacto rasteiro que pode ser cultivado como forração de outras espécies ou em vasos como espécie pendente — Foto: Flickr / J. Richard Link / CreativeCommons
Entre novembro e fevereiro, quando os cactos costumam florescer, é necessário aumentar as regas. Verifique o substrato com a própria mão a cada 3 dias. Caso esteja seco demais, é hora de regar.
Problemas no cultivo
Cactos com partes amareladas ou ramificações murchas indicam falha nos cuidados — Foto: Desserto / Divulgação
Os cactos costumam dar fortes indícios de que não estão bem. Os mais comuns são a planta murchar ou ficar amarelada. Quase sempre, esses são indícios do excesso de umidade apodrecendo as raízes, ou da falta de luz natural. Por isso, atente-se a esses dois pontos durante o cultivo.
Além disso, com frequência, os cactos são atacados por ácaros, cochonilhas e pulgões. Uma forma de lidar com as cochonilhas é limpar delicadamente a planta com uma solução de água e álcool, com a ajuda de um algodão.
No caso dos pulgões, é preciso esfregar as folhas com a ajuda de uma escova de dente, que deve ser mergulhada em álcool. O tratamento dos ácaros é relativamente mais tranquilo: basta deixar a planta bem úmida, somente com água, para que se resolva.
Simbologia
Por conta dos espinhos, os cactos são conhecidos como plantas de defesa e proteção. Contudo, essa mesma característica é motivo para a contraindicação do cultivo em casa quando o assunto é Feng Shui.
“Eles podem estar no hall de entrada, do lado de fora de casa e em varandas, mas nunca no interior do imóvel, especialmente perto de sofá e cama, por seu aspecto agressivo. Sua função é proteger o morador de um invasor, sempre do lado de fora para dentro”, finaliza o arquiteto João Sebastião, da Harqmonia.