Incêndio no Pantanal chega a pista e carros precisam passar por dentro da fumaça
Um vídeo feito pela empresária Beverlyn Andrade dos Reis, na tarde de sábado (3), revela a gravidade das queimadas no Pantanal. Ao passar de carro pelo trecho logo após a ponte sobre o rio Paraguai, em direção a Corumbá, Beverlyn registrou a chegada das labaredas ao acostamento da estrada.
“Está terrível aquele pedaço. Nossa. Muito perigoso. Assustador. O carro esquentou todo e os caminhões vindo… tentando desviar do fogo acabam vindo na contramão”, relata a empresária. Ela estava acompanhada pelo marido e pelos dois filhos quando passou pelo trecho em chamas.
Dados alarmantes sobre os incêndios no Pantanal
Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), os incêndios no Pantanal já destruíram, somente em 2024, 1,058 milhão de hectares. Essa área é quase do tamanho da Jamaica (1,099 milhão de hectares), considerando as áreas em Mato Grosso do Sul (825,1 mil hectares) e Mato Grosso (232,9 mil hectares).
Qual é a origem dos incêndios no Pantanal
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), neste sábado, dos três municípios que registraram o maior número de focos de calor no país, dois eram de Mato Grosso do Sul: Aquidauana, em primeiro, com 116, e Corumbá, em segundo, com 97. No Pantanal sul-mato-grossense, foram registrados 269 focos, e em todo o bioma, 339.
O fogo consome o bioma há mais de três meses. Quase 1 milhão de hectares foram destruídos, deixando um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área destruída representa mais de 6% de todo o território pantaneiro. Neste momento, 241 focos de calor estão ativos em todo Pantanal, sendo que 55% dos incêndios ocorrem em Miranda e Aquidauana, cidades margeadas pelo rio Negro.
Segundo o Lasa-UFRJ, cerca de 7% do bioma já foi afetado pelas queimadas em 2024. O Pantanal possui 16 milhões de hectares. Especialistas alertam que a escalada do fogo este ano caminha para um cenário semelhante ou pior ao de 2020, considerado o pior ano para o Pantanal desde a década de 1990.
Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, naquele ano, ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram devido às queimadas no Pantanal. Pesquisadores do Lasa fizeram projeções matemáticas para o cenário de destruição em 2024. Eles estimam que ao menos 3 milhões de hectares podem ser queimados pelo fogo ainda este ano.
Estatísticas de Queimadas
1,058 milhão de hectares destruídos em 2024
269 focos de calor no Pantanal sul-mato-grossense
55% das queimadas em Miranda e Aquidauana
Até 3 milhões de hectares podem ser queimados em 2024
Seca agravada e impactos no bioma
Conforme o Lasa, desde o final de 2023 e início de 2024, a região apresenta o maior índice de “raridade de seca” desde 1951, superando o ano de 2020, até então o pior em termos de secas. O especialista em conservação ambiental e biólogo da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa, explica que o modelo apresentado pelo Lasa considera o histórico de fogo no bioma desde 2001. A partir do padrão do fogo e as condições climáticas, os pesquisadores conseguem prever um possível panorama para 2024.