Estudo revela altos níveis de álcool em algumas marcas de pão de forma no Brasil
Recentemente, a PROTESTE, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, tornou pública a descoberta de elevados teores de álcool em determinadas marcas de pão de forma populares no mercado brasileiro. A revelação é causa de preocupação, sobretudo no que diz respeito à saúde de grávidas e crianças pequenas, que podem ser mais vulneráveis a uma ingestão inadvertida de álcool.
Segundo a pesquisa, de um total de dez marcas analisadas, seis apresentaram níveis de etanol que as classificariam como produtos alcoólicos, caso existisse uma legislação específica. Entre as marcas analisadas estão Visconti, Bauducco e Wickbold, com alguns lotes chegando a atingir até 3,37% de teor alcoólico.
Como foi conduzido o estudo?
A análise da PROTESTE foi dividida em duas etapas, envolvendo diversos lotes de cada marca para assegurar a precisão dos resultados. Foi observada uma variação significativa nos teores alcoólicos, não apenas entre diferentes marcas, mas também entre lotes da mesma marca. Essa oscilação é atribuída a fatores como armazenamento e validade dos produtos.
O diretor-executivo da PROTESTE, Henrique Lian, destacou que o álcool presente nos pães se deve ao processo de fermentação e aos conservantes utilizados. Embora o nível de álcool seja tecnicamente baixo, em teoria, grande parte dele deveria evaporar durante a fabricação.
A quantidade de álcool no pão pode ser um problema para motoristas?
Além dos aspectos de saúde, o estudo também levantou questões sobre possíveis implicações para motoristas. De acordo com a análise, consumir duas fatias de pão com maior teor alcoólico, como os de algumas marcas analisadas, poderia resultar em um teste positivo no bafômetro, conforme os limites do Detran.
O consultor técnico da PROTESTE, Rafael Moura, enfatizou que é crucial comparar esses teores com bebidas alcoólicas comuns para informar adequadamente os consumidores. Este ponto destaca a necessidade de uma regulamentação clara sobre o teor alcoólico em alimentos que tipicamente não conteriam álcool.
O que as empresas e órgãos reguladores estão dizendo?
As empresas envolvidas, como Bauducco e Visconti, defenderam seus métodos de produção, afirmando estar em conformidade com a legislação atual. No entanto, a PROTESTE planeja compartilhar suas descobertas com o Ministério da Agricultura e a Anvisa, sugerindo a introdução de limites para o teor alcoólico em pães de forma.
Este movimento visa proteger o consumidor e garantir a transparência nas informações sobre os alimentos consumidos diariamente. A busca por regulamentação parece ser um passo importante para assegurar que os produtos sejam seguros para todos, especialmente para aqueles particularmente sensíveis ao álcool.
Qual é o próximo passo para a regulamentação do teor alcoólico em alimentos?
Com a publicação dos resultados pela PROTESTE, a expectativa é de que o tema ganhe mais atenção das autoridades reguladoras. A introdução de novos regulamentos poderia prevenir a exposição inadvertida ao álcool e assegurar que as empresas ajustem seus processos de fabricação para evitar essa questão.
Enquanto isso, os consumidores devem ficar atentos às informações dos rótulos e buscar mais detalhes sobre os produtos que adquirem, especialmente aqueles que podem ser consumidos por populações vulneráveis. A conscientização e a educação do consumidor são essenciais nesse processo, enquanto se espera que as regulamentações formais sejam implementadas.