Caso Luiz Fellipe: veja o que se sabe sobre morte de menino castigado pelo padrasto com golpes de madeira.
Adolescente, de 12 anos, chegou morto ao hospital no sábado (27), em Monte Mor (SP). Vítima tinha hábito de brincar com bonecas, e Polícia Civil apura possível homofobia.
Aos 12 anos, o menino Luiz Fellipe Darulis, de Monte Mor (SP), morreu após ser submetido pelo padrasto a uma sessão de castigos físicos com agressões usando uma ripa de madeira. Veja, abaixo, o que se sabe e o que falta saber sobre o caso.
O padrasto, Cirilo Abel Barreto, foi preso em flagrante e admitiu ter dado “um corretivo” no adolescente. A Polícia Civil investiga a hipótese de o cr1me ter sido motivado por homofobia, uma vez que Luiz Fellipe tinha o hábito de brincar com bonecas.
Conforme a Polícia Civil, a mãe, ao chegar na residência, viu o filho machucado após ser agredido durante a sessão de castigos físicos e buscou ajuda no Hospital Beneficente Sagrado Coração de Jesus, mas o adolescente chegou na unidade morto.
“Segundo o médico que atendeu a criança, o menino passou mal em casa, com falta de ar e fraqueza. O menino de 12 anos já estava em óbito quando chegou ao hospital, segundo o médico que acionou a GCM”, destacou a prefeitura.
Segundo a prefeitura de Monte Mor, após a constatação do óbito, o corpo do adolescente foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Americana (SP) para realização o exame necroscópico.
Alguém foi preso?
Após a chegada da Guarda ao hospital, o padrasto do menino, de 46 anos, foi preso em flagrante. O homem foi levado para a delegacia para registro de ocorrência, e depois passou por audiência de custódia, onde teve a prisão mantida. Ele foi encaminhado à cadeia de Sumaré (SP).
Segundo a Secretaria de Segurança do município, o padrasto teria confirmado que “deu um corretivo na criança”, obrigando o adolescente a fazer agachamentos e agredindo-o com uma ripa de madeira mais de uma vez.
“As informações foram fornecidas pelo próprio padrasto, que afirmou que a criança foi obrigada, como corretivo de uma atitude de desrespeito, a realizar agachamentos e, por agir com ‘graça e zombando’ do que estava acontecendo, foi agredido com uma ripa de madeira, com batida na perna, o que se repetiu mais de uma vez”, disse a pasta.
Quem era Luiz Fellipe?
Luiz Fellipe foi enterrado nesta segunda-feira (29), no Cemitério Municipal, e o sepultamento foi acompanhado por familiares e amigos. À EPTV, afiliada da TV Globo, um professor disse que o adolescente tinha o hábito de brincar com bonecas.
“É muito triste você perder um adolescente dessa forma, que nunca falou alto, nunca teve nenhuma palavra de baixo calão. Era um aluno respeitoso, gostava de brincar. Era um garoto que, na idade dele, brincava com as bonecas e era uma das coisas que ele gostava de fazer. […] Ele era apaixonado pela vida, ela gostava de viver do jeito dele, na individualidade dele, era o Luís”, afirma Antônio Gonçalves.
Ainda de acordo com o professor, Luiz Fellipe já havia manifestado preocupação com as punições aplicadas pelo padrasto. “Ele tinha seu melhor amigo e, às vezes, a gente como professor escutava a frase que o padrasto não gostava dele, que ele sofria puxadas de orelha, que se alguma coisa acontecesse na escola e chegasse ao ouvido do padrasto ele ia sofrer algumas broncas”, diz.
Havia denúncias anteriores?
Em nota, a prefeitura informou que, no ano passado, a Escola Municipal San Remo, onde Luiz Fellipe estudava, formalizou uma solicitação ao Setor de Apoio Especializado da Secretaria de Educação por conta de suspeita de maus-tratos contra o adolescente.
“Os profissionais que receberam a solicitação deram, junto com a Unidade Escolar e com a mãe (responsável pela criança), todo o encaminhamento necessário, seguindo sempre o protocolo de atendimento, e, depois de avaliação técnica, em junho de 2023, encaminhou a questão em específico – também de forma protocolar – ao Conselho Tutelar de Monte Mor”, pontua o texto.
A administração municipal diz ver a morte do estudante com “profunda tristeza e certo desalento”, e que haverá “total colaboração” da prefeitura em relação à investigação.
Quais são os próximos passos?
Segundo o delegado Fernando Bueno, que investiga o caso, a mãe de Luiz Fellipe foi ouvida e, agora, a Polícia Civil aguarda o resultado dos exames necroscópicos para determinar a causa da morte e extensão das lesões provocadas pelo padrasto.
Além disso, os investigadores devem ouvir pessoas próximas à família para entender a relação entre o suspeito e o enteado. Durante o depoimento, a mãe do adolescente afirmou que essa foi a primeira vez em que o menino foi agredido.
“Vamos chamar outras testemunhas ligadas ao vínculo familiar deles, da família da criança, para saber como seria essa relação criança e padrasto, e tudo que está em torno disso. Tudo vai ser investigado, inclusive essa possibilidade de envolver homofobia”, diz Bueno.
Fonte- g1