O fantasma do impeachment que paira sobre Lula

As tensões entre o governo Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reacenderam o temor de um possível impeachment, semelhante ao que ocorreu com Dilma Rousseff. Alguns petistas estão preocupados que Lira siga o exemplo de Eduardo Cunha, que desengavetou um dos 19 pedidos de impeachment apresentados contra Lula quando a relação com o Palácio do Planalto se tornou insustentável.

No entanto, esse medo parece infundado neste momento. Até agora, não há indícios de que Lira esteja cogitando iniciar um processo que poderia levar à queda de Lula. No entanto, essa preocupação reflete o problema em que os governistas se encontram, muitas vezes devido a erros de cálculo próprios.

Os petistas demonstram um orgulho que Jair Bolsonaro não possui. Enquanto o ex-presidente Bolsonaro cedeu à influência do Congresso Nacional, o governo Lula se vê como mais forte do que realmente é. Acreditam que tudo pode ser resolvido com dinheiro, especialmente por meio de emendas parlamentares.

No entanto, a verdadeira moeda da política é o poder, algo que o PT reluta em compartilhar. Isso ficou evidente na insistência em manter Nísia Trindade no Ministério da Saúde, apesar de seu desgaste.

Recentemente, o Palácio do Planalto emitiu uma portaria para devolver a Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, a função de liberar emendas parlamentares. Essa medida foi tomada após Lira chamar o ministro de incompetente e desafeto. No entanto, essa decisão desagradou líderes partidários que haviam negociado a comunicação direta com os ministérios para questões relacionadas a emendas.

Além disso, o Palácio do Planalto não ajudou sua própria causa ao demitir um primo de Lira. Independentemente de se o presidente da Câmara deveria ou não ter tanto poder para pautar um processo de impeachment, a realidade é que ele o possui.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou que o impasse criado pela demissão de Wilson César de Lira Santos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Alagoas está superado.

Santos era alvo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) há tempo. Agora, para evitar a ampliação da crise, Teixeira disse que “o próprio presidente Lira já enviou uma proposta de nome para substituí-lo.”