Vassoura-de-bruxa: o que é a praga relembrada em ‘Renascer’ que devastou produção de cacau na Bahia

A vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, é um dos temas centrais da parte da primeira fase do enredo do remake de “Renascer”, que estreou na segunda-feira (22) na faixa das 21h da Globo.
Na trama, Cândida, vivida pela atriz Maria Fernanda Cândido, interpreta a viúva de um fazendeiro do sul da Bahia que teve a sua plantação de cacau destruída pela doença. Ela ainda precisa lidar ainda com a ganância de coronéis da região, como Firmino (Enrique Díaz), que tenta o tempo todo cobrar uma dívida do ex-marido.
A tragédia vivida por Cândida pelas perdas com o cacau não é mera ficção. Muitos agricultores passaram por esse drama nos 1990, quando a praga chegou ao sul da Bahia, destruindo grande parte da produção regional.

O tema também foi abordado na primeira versão da novela, em 1993. Mas, na versão de 2024, o folhetim retratar ainda como o cacau conseguiu renascer nas terras baianas.
“Essa versão começa na década de 90 e pula para os anos 20. Acho que nunca foi tão oportuno a gente fazer uma novela com esse nome, que fala sobre o cacau nesse momento em que está sendo explorado, no bom sentido, de uma forma diferente”, afirmou Pedro Peregrino, diretor-geral da novela ao Globo Rural.

O que é a vassoura-de-bruxa?

A doença é causada por um fungo, que ficou conhecido após o surto ocorrido no sul da Bahia nos anos 1990 e se estendeu até os anos 2000.
A vassoura-de-bruxa foi responsável pela falência de boa parte das fazendas da região na época.
Assim como o cacau, o fungo também é da região amazônica, e já tinha destruído lavouras de cacau do Equador antes de chegar à Bahia.
O clima dos últimos anos na Bahia tem colaborado para a proliferação da doença: calor de dia, frio e chuva à noite.
O fungo ataca na formação das flores, frutos pequenos e ramos novos. Os galhos secam e ficam com aspecto de vassoura. Já a poupa apodrece.
Depois de aprender a identificar a praga, o próximo passo é informar os órgãos competentes.

O podcast “De onde vem o que eu como”, do g1, entrevistou Claudia Sá, produtora de cacau na Bahia, para falar sobre os impactos que os agricultores sofreram com a praga na época.
“Todo mundo sentiu muito, foi avassalador. Nossa produção, principalmente na [propriedade] Cantagalo, foi quebrada em 85%. Na época, a gente não vivia só do cacau, mas muitos tiveram que desistir, não tinha como continuar”, relatou.
O podcast também conversou com o pai do ator Marcos Palmeira, o cineasta Zelito Viana, que cultiva o cacau biodinâmico: de alta qualidade de que não usa agrotóxicos.

Depois de 30 anos, os produtores ainda precisam lidar com as consequências da doença que atinge a lavoura. Para isso, eles contam com a ajuda da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), do Ministério da Agricultura, que desenvolve plantas que sejam resistentes à vassoura-de-bruxa, porque o fungo também se adapta.

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